
quinta-feira, 19 de julho de 2007
triste mesmo
Fico pensando o tempo todo nas pessoas que morreram, nos momentos anteriores à passagem delas, no desespero, na impossibilidade de se proteger - e de proteger aqueles que amavam, na falta de despedidas, no "eu te amo" que não pôde ser dito, no "me desculpe" que ficou engasgado numa briga e que agora não vai mais poder trazer abraços e sorrisos das pazes feitas.
Todo mundo diz que quando chega a hora, chega a hora. Mas é muito triste morrer assim, de uma forma feia, abrupta, absurda e - o que é pior - espetacular. A imagem do avião saindo da pista, batendo no prédio e explodindo, a gente quer pensar, só pode ter saído de um filme-catástrofe americano. Não é real. Não pode ser. Não poderia ser.
E a culpa, de quem é? Eu, sinceramente, preferia não ter q indagar sobre isso. O que vai acabar acontecendo é um asqueroso jogo de empurra entre os órgãos de governo, a empresa, etc etc. Tomara que não sobre pro piloto, que não tem como se defender.
Enfim, precisava escrever isso aqui, até meus sonhos estão povoados por essa estupidez toda. Não conhecia ninguém naquele vôo, graças a Deus. Mas estou triste como se conhecesse. Vão com Deus, vocês. E força para as famílias. Daqui, estou rezando.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Música é felicidade
Tente ouvir e não querer dançar, cantar e pular junto....
GRACE KELLY
(mika)
Do I attract you?
Do I repulse you with my crazy smile?
Am I too dirty?
Am I too flirty?
Do I like what you like?
I could be wholesome
I could be loathsome
I guess I'm a little bit shy
Why don't you like me?
Why don't you like me without making me try?
I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
I've gone identity mad!
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!
How can I help it
How can I help it
How can I help what you think?
Hello my baby
Hello my baby
Putting my life on the brink
Why don't yo like me
Why don't you like me
Why don't you like yourself?
Should I bend over?
Should I look older just to be put on your shelf?
I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
I've gone identity mad!
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!
Say what you want to satisfy yourself
But you only want what everybody else says you should want
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!
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To adorando esse homem! Cadê show no Brasil?
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Cultura brasileira?
Como já ouço isso há uma década, é natural pensar em formular questões sobre esse papo de se é regionalista, é autêntico. Embora ache que há muito mais gente por aí que é milhões de anos-luz mais gabaritada que eu pra falar disso... Mas, vocês sabem, blog é espaço para verborragia incontida. E como a pocilga aqui é minha, vamos lá...
Por que é que é "mais autêntico" o produto artístico que se apóia no zzzz... (hum?) resgate das tradições folclóricas brasileiras, etc etc? Se é pra ser regionalista, falar das peculiaridades de seu estado ou sua região, seu cotidiano, etc etc, vamos radicalizar e perguntar como que faz com o Rio e São Paulo? Metrópoles onde o traço principal... é a modernidade (ou a pós, diriam alguns)!
Por que a modernidade tem que ser inautêntica? Porque o concreto, o asfalto, o assalto, a correria são menos interessantes que o boitatá, que o saci pererê, que o maracatu e o velho do Rio? Pra falar a verdade, eu acho os primeiros melhores provedores de possibilidades criativas que os outros. Quantas estórias podem ser contadas a partir da experiência urbana, que é tão vasta, tão intensa, tão imprevisível... tão fabulosa! *** isso pq não vou nem falar da experiência subjetiva, daquelas coisas que acontecem com todas as pessoas e que acabam sendo universais justamente por serem tão pessoais.
Sempre lembro daquela coisa árcade de volta ao campo, de resgate da tradição, mas, sob meu ponto de vista, isso é opção que, embora válida, é pouco sedutora. Não é corajosa, entende? Voltar ao conhecido é bem mais fácil do que inaugurar uma tradição, um costume ou um folclore. É mais seguro. Encarar o urbano e reconhecer a cultura - pop - dos dias de hoje, o cosmopolitismo, a velocidade, a invasão anglofona na língua de cada país não é abraçar uma globalização imperialista e se curvar diante dos comandantes das corporações. Não é aceitar, não é relevar, é também produzir, na minha concepção.
Só por que é urbano é ruim? Só por que foi globalizado não presta? Só porque começou em outro lugar não vai ser brasileiro um tempo depois? Se continuar por aí, vou precisar refrescar a memória da galera e lembrar que as tradições folclóricas de hoje foram trazidas de fora uns séculos atrás... e acolhidas (umas mais, outras menos customizadas) pelo povo daqui: do samba ao coelho da páscoa. O que me traz de volta àquela questão do início: o que é ser autêntico?
Cada vez mais tenho certeza de que essa pergunta deveria ser reformulada, porque não vejo autenticidade autêntica nas coisas. Nem sei se ela existiu, pra falar a verdade. O que é a experiência original? Não sei, nunca vi. Por mais que se clame por ela, pouco se viu e muito falou-se sobre. Talvez só dela pudesse ser extraído o conceito da autenticidade.... mas aí, ela deixaria de ser autêntica se o isolássemos?
Por isso tudo, quando alguém fala que o grupo X resgata o elemento regional em suas músicas ou o filme Y mostra o brasil autêntico, eu já olho torto. E quando os editais privilegiam obras regionalistas em detrimento das urbanas, por deixarem explicíta em suas normas a necessidade de exaltar a experiência brasileira? Também...
Não vou nem falar do rock. Ok, veio de fora. O candomblé também e ninguém acha ruim. E por que fazer/ouvir/gostar/consumir rock é menos autêntico que consumir "as brasilidades"? Rock não é cultura brasileira? Quem diz?
Inaugurar tradições. Abraçar o urbano criador, o cosmopolita facilitador.
Não é ser vendido. É negociar. É estratégia.
Não é autêntico. Porque não é essa a questão.
Ela não interessa.
Toda vez que penso coisas boas pra escrever elas me fogem, dada a impossibilidade de escrever no momento em que pensei ou outro similar. Assim, o blog se compadece e tem que se contentar com declarações e textos muito mais burocráticos, pensados e chatóides do que eles deveriam ser... enfim, coisas....
Sei apenas que, após completar 25, estou tentando mergulhar num esforço de transformação. Eu, Wanessa Camargo, Sandiléia, Irislene, Winnits, todas se reinventando... Só que a delas sai na capa da Caras, do Ego, paga assessoria de imprensa, negocia notinha em jornal... A minha tem que ser gratuita porque não famosa, escrita a próprio punho porque pobreta e publicada em blog porque preocupada com o meio-ambiente.
Dia desses, ouvi/li alguém dizendo: "ser você mesmo não é ser igual o tempo todo" e achei legal pacas. Era algo assim... apesar da citação capenga, dá pra entender o sentido. Essa singela frase fez alguma coisa piscar aqui dentro da caixola, que me impulsiona a tentar o novo, a experimentar ousar, coisa que não fiz muuuuito durante as últimas duas décadas e meia.
A transformação, a mudança, não precisa ser da noite pro dia, num piscar de olhos, num estalar de dedos, num pufft... desde que aconteça. E tb não precisa ser preto no branco, nem só profunda, nem só aparente. Desde que aconteça. Que seja como a transição para o regime democrático, lenta, gradual e sei lá o quê.
Agora, por exemplo, quem me encontrar na rua pode até conseguir perceber que estou querendo comprar uma bota bonita, num esforço de usar este item que eu acho o máximo e que nunca me caiu tão bem assim. Mas não vão perceber se mudei por dentro, porque ninguém percebe nada a partir de um "tudo bem?" ou da ausência dele.
Aliás, isso é também fruto dessa vontade de mudança, uma postura de parar de julgar e condenar antecipadamente. Let people be. Let me be. Let everyone be.
Mantra.
É mais ou menos por aí.
No final do segundo quarto, espero olhar pra trás e ficar satisfeita. Ao final deste, já fiquei com umas coisas, meio com o pé atrás com outras. Mas isso é normal. São os vinte e poucos e estou dentro da curva.
terça-feira, 15 de maio de 2007
Sono e adjacências
Mas nada que dois baldes de café não segurem, to certa? Péeeeeee! Não, tá errada, perdeu tudo e nem chegou a gastar a ajuda dos universitários!!!! Cadê a cafeína que eu injetei via oral? Só foi dar sinal de vida lá pelas tantas, quando já era hora de ir apagando as luzes, desesquentando os tamborins pra ir pros braços de Brunolo e Morfeu...
Mas hoje é terça, é outro dia. Hoje pode ser o dia de ver o Homem Aranha (eu não vi, mas o meu amigo de número 5 viu e achou uma bosta). Hoje pode ser o dia de alugar 5 DVDs na Macedônia e dormir logo no menu do primeiro. Um dia contém um mundo de possibilidades, então, por que optar pelas mais óbvias e assistir ao Jornal Nacional?
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Questã:
por que a gente sempre lembra daquela música da cozinha oriental, do Videohits, quando come num restaurante sinojaponês?
Todo mundo comigo:
Com a maior delicadeza, o jovem homem penetrou
A faca ginsu japonesa no coração de seu avô
E uma geisha apavorada chorava a morte do idoso
Mas ele há de ser vingado. farei um prato bem gostoso.
Refeição familiar é a da cozinha oriental
Não é um vovô esquartejado, temperado, desossado
Que vai me fazer mal
Ao mastigar a refeição, o jovem homem saboreou
Aquele gosto de fritura misturado em sakura
Coma tudo, meu esposo. faça feliz sua menina
Se a sakura está amarga é porque tem estricnina
Refeição familiar é a da cozinha oriental
Não é um vovô esquartejado, temperado, desossado
Que vai me fazer mal
(Repete refrão)
Quem vai pro céu pode ir contente
Tem mordomia de montão
No inferno é diferente
O sistema é no bandeijão
sexta-feira, 20 de abril de 2007
Tchau, memórias
Gostava da época em que as casas de espetáculos tinham nomes, e não eram batizadas com as marcas de seus principais patrocinadores... O Cine Veneza assim permaneceu durante tanto tempo, e até hoje as pessoas falam dele desse modo, chamando pelo nome. O Roxy, mesmo tendo sido reformado, continua Roxy. Até o Odeon, que insistem em completar com um BR graças ao patrocínio da empresa-mãe brasileira, resistiu a essa tendência de fazer de todo espaço uma mídia em potencial pra consumo.
E quando o patrocinador desiste? Fica como o finado Espaço Unibanco, que tem que se contentar em ser laconicamente chamado de "Espaço de Cinema". Po, tem uma sala escura, um projetor, pipoquinha e um comercial avisando que o local atende aos requisitos de segurança e tem portas anti-pânico, é um espaço de cinema, to certa?
Na minha pesquisa superficial, percebi que essa onda de tacar o nome da marca pegou em casas de espetáculos. São Paulo tem exemplos disso.
Acho antipático. Gosto dos nomes próprios, emprestados de lugares ou pessoas ilustres a um espaço que pretende ser mais legal que os outros, diferente. É bom ir no Sergio Porto, mesmo sabendo que o cara morreu faz um tempo, e pensar que diabos aquele nome tem a ver com o local. Sou do time que acha que o nome, queira ou não, transmite algum tipo de energia praquele lugar ou indivíduo que é nomeado. Infelizmente, nunca fui a uma Lona, mas garanto que a Gilberto Gil, a Sandra de Sá, a Hermeto Pascoal, parecem diferentes uma da outra - mesmo com o projeto parecido.
Não sei. Eu gostaria de hoje ir ao show do Keane no Metropolitan e não no Citibank Hall. Porque, quando eu for contar pros meus filhos da emoção de ver a banda que tanto gosto, eu gostaria de dizer que o lugar onde o show aconteceu era mais que um outdoor de proporções gigantescas fazendo propaganda de um grupo financeiro transnacional que atende, em sua maioria, clientes com renda mensal maior que a anual de muita gente.
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Mas aí eu posso me perguntar se essa preocupação não é antiga, old-fashioned, datada, que tenta resgatar, algo romanticamente, um passado que eu não vivi e onde a autenticidade das coisas não era uma questã.
Sei lá. Pára por aí.